quarta-feira, 3 de junho de 2009

Tecnologia na Educação - Robótica


"A melhor aprendizagem ocorre quando o aprendiz assume o comando de seu próprio desenvolvimento em atividades que sejam significativas e lhe despertem o prazer".
Seymour Papert



Robótica: Tecnologia a favor de uma Aprendizagem Significativa e Autônoma
Vanja Jota
Vancleide Jordão


APRESENTAÇÃO
A busca por estratégias que possibilitem aprendizagens significativas, capazes de desenvolver, nos estudantes, competências e habilidades bem sucedidas no contexto pessoal e social, é um desafio permanente para nós educadores.
A dinâmica rápida e amplamente visual que hoje caracteriza as sociedades, impõe aos indivíduos uma quase imediata e eficiente interação com instrumentos tecnológicos de comunicação. Além disso, esse dinamismo calcado em estímulos muito visuais e sonoros, influe também, sob o comportamento humano na medida em que permite o acesso e troca de informações com mais de um interlocutor por vez e de diferentes formas, contribuindo para um maior imediatismo, uma maior dispersão, que nem sempre estão relacionados à falta de produção cognitiva.
As instituições de ensino, dentro desse contexto, encontram-se em um setor de grande tensão e conflito, já que têm sua estrutura erguida em um modelo conservador, pouco flexível, que preserva a fragmentação dos saberes; mas, em contato externa e internamente com pessoas que, no seu dia-a-dia, absorvem uma gama de informações simultaneamente e desenvolvem múltiplas competências, não se sentindo, portanto, estimuladas a participarem do processo educacional oferecido.
Visualizamos então na Robótica o desenvolvimento de estratégias de ensino que aproximam as práticas acadêmicas dando significado aos conteúdos conceituais.
Os instrumentos tecnológicos mostram-se essenciais nessa reformulação educacional, possibilitando inclusive o aumento das perspectivas de qualificação profissional e inserção social. A introdução da Robótica no currículo escolar harmoniza-se com a idéia sócio-construtivista, que vem sendo desenvolvida ao longo do tempo e que percebe a aprendizagem como resultado da relação sujeito/objeto/sociedade.
O trabalho com diferentes tipos de materiais manipuláveis para criação de um robô, tem "um sabor especial" porque possibilita que o foco dos alunos, ao olhar para esses materiais, se altere. O aluno passa a "ver", por exemplo, numa caixa de ovos, o casco de uma tartaruga; de uma lata de refrigerante, o banco de uma roda-gigante; de uma caixa de leite, a carroceria de um caminhão, etc.
Assim, podemos desenvolver e explorar o potencial criativo de cada sujeito, na medida em que se tem a oportunidade de trabalhar com materiais de diferentes texturas, não ficando restritos a modelos previamente fabricados; bem como levá-lo a uma reflexão e mudança de postura quanto a reciclagem. Os objetivos do trabalho são:
Desenvolver o raciocínio e a lógica; construir algoritmos e programas para controle dos mecanismos criados; favorecer a interdisciplinaridade; promover desafios que envolvam os diferentes conceitos, estimulando o raciocínio análitico e operacional; planejar, organizando as idéias dentro dos objetivos a serem atingidos em cada projeto; fomentar a pesquisa, a fim de estimular o embasamento teórico que subsidia o prático; proporcionar o estudo e a análise de máquinas e mecanismos existentes visando reproduzir, em alguns trabalhos, seu funcionamento; contribuir para o desenvolvimento de atitudes colaborativas e construtivas nas atividades grupais; desenvolver a autonomia e a responsabilidade através dos tomadas de decisão e encaminhamentos feitos nos grupos e estimular a prática do reaproveitamento de materiais.
DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
Por ser essencialmente interdisciplinar e possuir como referencial teórico a abordagem construtivista, o trabalho com Robótica acontece simultaneamente no laboratório multimídia e na aulas de Ciências. Nestes espaços os alunos planejam seus protótipos, visualizando para eles uma utilidade social.
Conteúdos envolvendo os conceitos básicos de mecânica e eletricidade, por exemplo, vão sendo trabalhados nas aulas de ciências de modo que a partir do próprio programa curricular os alunos possam embasar seus projetos e discutir os caminhos a serem seguidos durante a execução dos mesmos. São nessas aulas que os estudantes têm a oportunidade de esclarecer as dúvidas, vislumbrar meios de resolução de entraves e socializar suas experiências com os outros grupos.
As avaliações são contínuas e diversificadas de acordo com o projeto pedagógico da nossa instituição.
Os alunos são orientados a desenvolver projetos que envolvem a questão da utilização de uma linguagem de programação, tal como Megalogo, e a construção de maquetes que "ganham vida" seja em termos de iluminação e/ou movimentos, controladas através do PC por um programa desenvolvido por eles mesmos.
Ao final do processo, os grupos apresentam a toda comunidade escolar suas maquetes robotizadas e fornecem as devidas explicações científicas relacionadas ao resultado da aprendizagem desenvolvida.
CONCLUSÃO.
Essa experiência tem efetivamente nos trazido resultado em um desenvolvimento real de atitudes, resultando em uma aprendizagem autônoma, prazerosa e integradora; o avanço na construção de competências operacionais e cognitivas; bem como, uma conscientização quanto ao uso e reaproveitamento de materiais que seriam normalmente desperdiçados. Possibilitando assim, o surgimento de alunos mais conhecedores de seu papel de estudante e de cidadãos mais conscientes, capazes de modificar positivamente o entorno.
[1]
[1] BIBLIOGRAFIA:
PAPERT, S.. Logo: computadores e educação. Editora Brasiliense, São Paulo – SP. 1988. 3ª edição.
PAPERT, S.. A máquina das crianças: repensando a escola na era da Informática. Editora Artes Médicas, Porto Alegre, 1994.
FAZENDA, I. C. A. Práticas Interdisciplinares na Escola. Editora Cortez, São Paulo – SP. 1993. 2ª Edição.
FURTH, H. G.. Piaget na sala de aula. Editora Forense Universitária, Rio de Janeiro – RJ. 1974.
Hernández, F. Cultura Visual, Mudança Educativa e Projeto de trabalho. Artes Médicas, Porto Alegre, 2000.
GARNIER, C.; BEDNARZ, I. U. ...[et. al.]. Após Vygotsky e Piaget: perspectiva social e construtivista. Escola russa e ocidental. Artes Médicas, Porto Alegre, 1996.
GARDNER, H. inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Artes Médicas, Porto Alegre, 1995.





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